Sempre gostei muito de ler e escrever. Para mim, escrever é como escutar: é possível adentrar um outro mundo, renovar sentidos, desfazer nós.
Gostando das palavras e das transformações que elas operavam, fui estudar Psicologia. Na graduação conheci a Psicanálise, que se tornou algo que eu não só estudava, mas também vivia.
Quando ainda na graduação iniciei os atendimentos e minha análise pessoal, percebi que as palavras eram transformadoras não só para mim, mas para outras pessoas, também. Constatei que as palavras não eram "apenas palavras": elas podem vir com gestos, silêncios, vínculo, acolhimento, respeito. Elas geralmente vêm acompanhadas de outras palavras, que vieram muito antes de nós, que estão por aí circulando no mundo, nos modos de vida, e ainda que não saibamos disso, operam diversas coisas em nós. Para mim, uma experiência de análise envolve um pouco de tudo isso. Não sem esquecer que também envolve os contextos sociais, políticos, históricos, etc. de cada pessoa.
Depois da graduação, em 2012, iniciei os atendimentos clínicos no meu consultório. Desde então, participei de muitos encontros e congressos, escrevi artigos, ministrei minicursos e grupos de estudo, lecionei para cursos de graduação em Psicologia, supervisionei estudantes e profissionais de Psicologia, trabalhei como psicóloga clínica também fora do consultório, participei de projetos de pesquisa e extensão na universidade, fiz o mestrado em Psicologia Clínica na USP, etc. Até agora, carrego a experiência e muitos aprendizados desses 12 anos de trabalho clínico ininterruptos. Fiz da escuta uma das formas de estar no mundo, pois além de trabalhar em consultório particular, sou escritora, professora e também palhaça.
Sempre encarei o fazer clínico como uma tarefa muito séria, que exige respeito, acolhimento, estudo e ética. Faço meu trabalho com a certeza de que ofereço o melhor para meus pacientes e agradeço a eles por me ensinarem tanto.
Sobre mim
Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.
(Adélia Prado)